No domingo (5/7), a APTC divulgou uma nota decidindo retirar o vídeo de seus canais de forma temporária. A entidade afirma que “manifestações como aquela são intoleráveis e não soubemos reagir da melhor maneira em uma transmissão ao vivo”. Mariani Ferreira condenou a remoção do vídeo, afirmando que “racismo é crime. E o vídeo é uma prova de que o racismo aconteceu. A resposta pública também demorou bastante. Quando a gente vê uma situação de injustiça, a gente precisa responder com rapidez. As palavras ditas na live são palavras que exemplificam uma estrutura racista”.
Em um texto distribuído pelas redes sociais, assinado pela atriz e produtora Luciana Tomasi e pelo diretor Carlos Gerbase, ambos pedem desculpas pelos termos utilizados e pela declaração durante a “live”. “A palavra ‘senzala’ foi usada de forma infeliz e racista. Além disso, a discussão sobre o machismo no filme foi por nós abordada de forma superficial. Assumimos estes erros e tentaremos melhorar. Enviamos um pedido de desculpas à cineasta Mariani Ferreira, mas agora fazemos publicamente. Não conseguíamos durante a live debater e ler os comentários ao mesmo tempo, então não foi nosso intento ignorar a discussão sobre racismo que estava acontecendo”, diz a publicação. O Coletivo Macumba Lab, que representa profissionais negros e negras do audiovisual no Rio Grande do Sul, repudiou o fato de os negros ainda serem associados apenas à escravidão. “Nossa existência é muito maior do que apenas a história da dor que nossos ancestrais sofreram nas mãos dos europeus e seus descendentes. Filmes feitos por pessoas negras são filmes e ponto. Cineastas pretos têm abordado em seus trabalhos diversos assuntos, com sensibilidade e talento. Lamentamos profundamente que em 2020 ainda se conheça tão pouco sobre a cultura brasileira”, diz parte da nota divulgada pelo grupo.
Sobre a remoção do vídeo, a presidente da APTC, Daniela Strack, declarou à GaúchaZH que não poderia comentar sobre o caso, mas afirmou que o vídeo da live será recolocado em breve nos canais da associação com um aviso inicial contextualizando a questão de racismo “para que ninguém se sinta mal”, explicou.



Quem são os cineastas
Carlos Gerbase é cineasta. Integrante por 24 anos da Casa de Cinema de Porto Alegre, deixou a produtora em 2011, com a mulher Luciana Tomasi, para criar a Prana Filmes. É também professor de cinema na PUCRS e escritor. Recebeu três prêmios Kikito no 45º Festival de Gramado (2017) pelo filme Bio.
Luciana Tomasi começou sua carreira cinematográfica no início dos anos 1980, na bitola Super-8. Produziu alguns dos mais importantes longas realizados no Sul do país, como Inverno (1983), Tolerância (2000), Houve uma Vez Dois Verões (2002), O Homem que Copiava (2003), Meu Tio Matou um Cara (2004), Saneamento Básico, o Filme (2007) e Antes que o Mundo Acabe (2008). É diretora do Cine Santander Cultural desde 2001, no qual desenvolve o projeto educativo Primeiro Filme.